Sol, o astro-rei que ilumina todas as nações
Tu, Sol, com sabedoria se ergue sobre as multidões
O globo que ao mais terrível frio resiste
Porque, pois, à noite me deixa tão triste?

Sol, eu que na minha razão prometi não te amar
Me diga com dizer ao meu coração como não se apaixonar?
Porque não confias em mim e com tuas palavras, como raios, me destrói?
Acaso não sabes que isso me entristece, magoa, corrói?

Sol, tu que brilhas para mim após a meia-noite
Não hesitas com açoite, o meu coração despedaçar
Porque fazes isso dessa forma? Achas que não posso te amar?

Sol, dizem que um dia tu poderás congelar, tornar-te azul
Como sou triste, eu, um homem comum, por te fazer indomável como o rio
O Sol que vi ontem não brilhava, estava triste, ferido, frio

Sol, o céu me condena por magoar-te, que foi esse devaneio que fiz?
Meu desejo não foi este, entristecer-te, saibas, nunca quis
O teu perdão não posso comprar, pois ele é dado de bom grado
Se estou sob tua face resplendente, pela minha atitude, me sinto envergonhado

Sol, não terminarei como os parnasianos, que retomavam ao início
Digo-te que me sinto melancólico e desesperado com esse vício
De sentir o teu calor à noite, a isso eu não resisto, reclamo
Astro-rei, apenas uma coisa te direi: de você eu não desisto, te amo

O sol é a nossa fonte de vida, de vigor, é o astro-rei que se ergue da imensidão do firmamento para que possamos vislumbrar um pouco da majestade de Deus. No entanto, eu vejo um Sol diferente. Que brilha para mim à noite, que me traz paz e sofrimento, amor e solidão. Quão fácil é entendê-lo, mas porque o Sol não me entende?


Soneto escrito por Paulinho, com inspiração em seu amigo, Shion de Áries

Na casa do meu avô

Paulinho
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