Quando se fica sozinha,
em meio a escuridão,
e quer-se pensar em nada, apenas adormecer,
esperando o dia que nascerá dali a poucas horas,
os pensamentos invadem a mente,
rasgando a escuridão da noite
invadindo-a com voracidade,
eles são tantos e espantam o meu sono,
envergam a serenidade da noite.
E o que era calmo,
nítido,
torna-se caótico,
turvo...

Tantos pensamentos me perturbam,
eu nunca consigo estar em paz,
eles emergem do fundo do meu mundo abissal,
e parecem que nunca saíram daqui.
Eu fico com medo das ameaças que eles silenciosamente me fazem,
eu tenho medo do que pode acontecer,
e fico sem saber se estou certa ou errada,
quando estou certa de algo, imediatamente, algo ou alguma coisa desautoriza essa certeza.
É tão angustiante.

Ando com vontade de chorar,
e o passado às voltas na minha mente,
coisas do passado estão aparecendo,
roupas,
escritos,
fotos,
lembranças,
cheiros,
estranhamente elas vêm chegando pelas mãos da minha mãe,
sem qualquer apelo meu para que isso aconteça.

Eu não quero o passado sendo revolvido,
eu não pedi isso
eu o quero onde deve estar,
no passado, lá...
No seu mais legítimo espaço,
Naquele escaninho de coisas esquecidas,
adormecidas e que só em uma única hipótese podem volver,
quando chamadas.

A noite tem seus encantos,
mas tem seus desesperos,
Ou os provoca,
torna essas memórias,
essas Lembranças apavorantes,
E uma culpa e um medo terríveis correm a língua sob a minha pele,
e me dão calafrios.
Um frio intenso.

Quando tenho medo,
Tenho muito frio,
Esta noite está fria como nunca e, é verão.

rio de janeiro

simone mendes
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