Janelas da Flagrância

No reflexo dos teus olhos castanhos,
à meia luz,
abraçada à você,
meu corpo ao longo do teu,
meus braços em volta de ti,
meus olhos a te fitar,
em conversa noturna e sem fim,
sobre nós, sobre a vida,
sobre tudo o mais que gravita à nossa volta...
Naquela noite,
vi minha imagem nos teus olhos refletida,
e por um momento,
me pareceu nítida demais, concreta e
real,
como nunca me pareceu,
e ao flagrar aquela imagem,
de mim duplicada,
nos teus olhos, que mais pareciam duas ágatas,
uma estranha sensação me invadiu,
me compeliu e
não me contive...
e denunciei aquela minha presença dentro dos teus olhos,
delatei-me à você,
num susto desconcertante.
E fincou-se aquela imagem em minha mente,
imagem que transformo agora em poema,
só para te contar sobre ela.

Escrito em setembro de 2004

Rio de janeiro

simone mendes
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