O que eu deveria ser?

Julgo por mim mesmo
Por tentar esconder o que eu sei que um dia eu talvez serei
Serei o afeto que se esconde entre os arcos
Os astros da vida me repelem
Sustentam os meus ideais que eu já não sei nem quais são.
Mas é por isso que eu não serei mais nada
Não mais perseguirei os meus instintos
Nem que para isso eu tenha de esquecer
Os nossos muitos dias passados.
As amizades hipócritas do mundo que nos cerca
A insegurança intransponível que nos põe contra a parede
E o desejo de nunca mais nos perder
( isto é, se já não estamos perdidos).
Agora escrevo, repito, recito, insisto
Pois eu sou o que sou,
Sou o que não posso ser
E o que eu deveria ser.
A completa essência do amor crisólito e impermeável
A última gota de paciência, inabalável.

Salvador

Fábio Avanzi
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