Te perdendo de vista

Assim como o hidrogênio e o oxigênio se juntam para formar a água,
E depois deste ato, nunca mais poderão ser separados.
O que nos une talvez possa ser assim,
Ou talvez sofra alterações e mudanças separando as moléculas que ainda insistem em juntar a nossa vida.
Não vejo a carícia de teus pálios
E faço tudo com você e por você
Mas nunca me compreendestes,
Nunca me recompensou a tanto
Sempre me cobrou muito, muito
Sempre me ofertou pouco, pouco.
Mas ainda sinto que posso desfazer este mal entendido curto
O poderio que me conferes em longo prazo se acabara
Estou confuso, homogêneo como a água
Escorrendo por entre fios de capas
Entre a minha e a sua, cara a cara.
Não te pedirei mais nada. Não te acusarei
Nem blasfemarei. Não me preocuparei
Nem serei capaz de exigir-te desculpas
Mas também não serei obrigado a te conceder perdão.
Entregar-te-ei ao tempo
Pois este é o mercúrio que curará nossas feridas
É o certo que se disporá as nossas oportunidades
E se fechará conforme seja a nossa necessidade.
Mas agora percebo infelizmente que estou ficando cego
Estou me transformando num poeta gago
Mudo de palavras corajosas
Estou percebendo que estou te perdendo de vista.
Recusarei-me novamente a aceitar os seus caprichos
Sei que isso me faltará bastante algum dia
Mas isto não é o bastante e nem o suficiente
Isto não é fantasia, mas também não é verdadeiro.
Isto não é dispendioso e nem totalmente humilhante
Isto não é catastrófico. Mas não é também insignificante.
Comportar-me-ei como um deus forte
Poder terei ao perceber que sou louco
Perdendo minha sanidade contigo
E ganhando incapacidade de raciocínio.
No entanto os meus olhos continuam se fechando
Coagulando lágrimas de despedidas que ainda estão presentes
Recitando palavras suicidas, as quais estão carentes.
Continuo preso ao que não é de importância
Meu medo não se fere, não se perde, não se entusiasma.
Em cada passo que caminho
Por cada ar que respiro
Percebo minha visão turva
E te vejo distante
Estou te perdendo de vista.

poema classico... mostrando desventura conjugal.

Salvador

Fábio Avanzi
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