E se um dia, meio que por acaso
Naquela viela atras da quitanda
Me encontrasse com um velho senhor
Que olha, para e anda
Poderia ser qualquer um, poderia ser mais um
Nesse mundo que de gente já não tanto demanda
Um senhor que olha, para e anda
E como se avaliasse tudo que via
Seu andar e feição entristecia
Algumas vezes sorria
E nestes gestos persistia
Em querer entender o quê se via
Quando fui falar com o velho
Outro alguém o alcançou
Descalço, e com frio, o menino o chamou de senhor
E pediu – Um trocado pôr favor!!!.
O velho se ajoelhou
E aos pés do ouvido lhe cochichou
E o menino que a pouco chorava
Tinha agora nos olhos um brilho que me intrigava
E aos pulos e correria o menino agora sorria
O velho numa mistura de gozo, esperança e sabedoria
Coçou-lhe a barba, era o pouco que este fazia
O senhor lentamente se levanta
Volta a caminhar e
Olha, para e anda
Aquele senhor simpático
Que com andar e os gestos se tornava
Cada vez mais enigmático
Derrepente, para e olha
Mas agora os seus olhos a mim notou
Sorriu e antes que eu dissesse algo, meu nome,
Ele pronunciou
E me disse coisas sem sentido
- Pare de fumar!
- seu pai lhe ama sim, mesmo que não demonstre!
- A mocinha do mercado é uma ótima pessoa!
Confesso que nada até então fazia sentido
E quando o senhor já parecia partido
A uma distancia ele novamente parou
E em tom suave, com a cabeça inclinada
Com um dos olhos piscou
E disse
- A propósito adoro suas orações!
E continuou com sua pequena rotina
Olha, para e anda.
E dizem pôr ai que Deus não existe.
Besteira!
Ele estava ali, agora mesmo!
Onde ele anda?!
Lá atrás da quitanda!!
sempre podemos nos surpreender com o que nos espera, logo ali em uma esquina...Campo Mourao, 29 de Julho de 2008
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