Agora nos teus novent’anos
como expressa a fragilidade
o teu diminuto corpo!

À mercê dos outros e fiel ao plano
de Deus, nem as constantes enfermidades
acentuaram o tempo no teu rosto.

Todavia, nem os teus olhos angélicos,
nem o teu modo fraterno
baixaram a resistência.

Basta te ter por perto
para sentir-se envolto no afeto
que esparge de tua essência.

Quem te conhece só agora
nos teus novent’anos
jamais imaginará que outrora
fora detentora de tantos desenganos;

que na tua luta de órfã
atravessaste dois séculos de história;
que na tua simplicidade, o amanhã
era mera questão de horas.

Como foste gigante
centenária senhora, estatura de menina,
nas tuas partidas de retirante,
nas decisões sobre tua sina!

Embora, às vezes, resignada
quando açoitada pelas agruras
sempre transbordas em ternuras.

E mesmo agora que a paralisia e a idade
travam contigo irreversível luta, a felicidade
tu carregas, Vó Tuca, na tua face de fada.

11 de Fevereiro de 2005

Curitiba