Carta aberta ao presidente ( I )

Senhor Lula, quero lhe dizer
Que um amigo, seu eleitor,
Me pede para fazer uns versos
Falando sobre o senhor.

Não que ele seja seu fã
Muito menos admirador
Aliás, do senhor no governo
É coisa que ele tem pavor.

Ele acreditou na sua fala
Iludiu-se com o seu discurso
Agora se encontra decepcionado
Quando vê que o rio muda o curso.

O Presidente se esqueceu
Logo que chegou lá
Da banda que o elegeu
A banda do lado de cá.

É muito fácil criticar
Quando está do outro lado
Agora o senhor percebe
Quando devia ter-se calado.

A síndrome do macarrão
Passou então a viver
Foi só cair na panela
Para o senhor amolecer.

Aquele salário mínimo
Que por ser tão mínimo o senhor criticou
Foi só chegar no governo
Não aumentou, só encurtou.

E a terra que seria
Entre os sem terra distribuída
Foi coisa que não aconteceu
Como as outras, ficou esquecida.

Seu avião era mesmo velho
Precisava de outro novo comprar
E a vida do brasileiro
Não é preciso melhorar?

As esmolas de seu projeto
Para dar ao pobre felicidade
Não faz com que ele viva
Com trabalho e dignidade.

Seus projetos caridosos
Para o povo alegrar
Vão também para quem não precisa
Muito mais alegria levar!

Você que é homem compreensivo
Que gosta de dívida perdoar
Será que temos que mudar para a África
Para o senhor nos enxergar?

Está muito preocupado com a paz
Mandando reforço para o Haiti
Acho que no mapa que o senhor tem
O Rio de Janeiro não fica aqui.

O senhor que gostava de uma greve
E estava em todas agitar
Hoje quer que o brasileiro
Aceite tudo sem reclamar.

Criticou tanto o FHC
Por estar a viajar
Era só dor de cotovelo
Já que agora está a imitar.

E a tabela de Imposto de Renda?
Já houve modificação?
Acho que o senhor quer
É continuar engordando o leão.

Até os velhinhos sofreram
Na fila, em suas mãos
Para mostrar que não eram mortos
E eram apenas anciãos.

A carta já está muito grande
E eu, cansada de escrever
Por mais que o senhor diga que é bom
Não consegue me convencer.

Tenho pena do senhor,
Presidente do Brasil
Ao morrer ter que prestar contas
Naquele céu cor de anil!
(Será que é para lá que ele vai?)


Mena Moreira

PS: Eu já acabei a carta
Mas um pedido quero lhe fazer
Sei que depois do que disse
Será difícil o senhor me atender

Tomei conhecimento das férias
No Palácio da Alvorada
Gostaria de na próxima
Ser por seu filho convidada

Como todo cidadão
Que ralou o ano inteiro
O passeio que posso fazer nas férias
Ë da sala pro banheiro (ou terreiro)

Quero comer desse melado
Sem me deixar lambuzar
Pode deixar que vou previnida
Para poder não me sujar (e o brasileiro decepcionar!)

Me desculpe a ironia
Gosto muito de uma gozação
Mas se tomo as dores de todos
Ë porque tenho bom coração! (E não quero que eles fiquem “de mão”)

O brasileiro está cansado
De governo que com ele não esquente
O que ele quer no poder
Ë gente que seja “gente”.

Estou aberta a comentários
E disposta a todos ouvir
Só não quero nessa vida
Ë mais “sapos” engolir! ( e me ferir ...)