Apenas num sonho.


Ontem, imaginei o passado tão pujente

embora presente, estilhaçado nas lembranças

conquistas perdidas e feridas ardentes

sonhei o maior desejo negado, como um que de criança.

Ah! saudade relutante!

Insisiste em tornar-se distante

amaziada no sentido frustado

e encharcado de lágrimas de dor.

Seria eu o meio de combustão?

Que inflama a feminilidade do teu beijo

ofuscando toda a lógica do absurdo

num único gesto profano, entregue a tudo

que corrói a sensatez causticante

sem nexo, sexo, inquietude.

Ò peito dilacerado pela tua falta,

se apenas me desejasse,

se apenas ne queresse,

teu querer seria meu desejo proibído,

exposto a intimidade no desenrolar de corpos a queimar

na singelidade dos lábios que se tocam...

não apenas num sonho.

Fábio Avanzi
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