a noite se aproxima e com ela uma voz clamante,
em meu peito recordações agora estilhaçadas ao tempo,
maldita víbora insolvente o tempo que me rasga
deixa para traz o sonho e a loucura inconsequênte
de um sorriso em páginas viradas
tão desiludida e sagaz, tão efêmera e fulgaz
não me permitirei falar de amores atrozes
nem da incandecência de um último beijo
apenas relembro o romance que se encrosta no peito
a veracidade do amor recôndito, mas não plausível
a desarmar milhas de sofreguidão num oceano de lágrimas
tingidas ao vento
quisera eu, amado conquistado, rever os meus conceitos
o que seria pra mim o mais importante
o objeto ou o desejo?
nesse momento não posso definir
a infâmia que desalojou os meus medos
do partir, trilhar que agora acende ao céu
quisera eu, amante desalmado, vencer minha guerra
que tenho por dentro,
e poder apenas ver-me vencido pelo que mais estimo
a dormência de um amor.
Salvador, 08/01/2004
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