Perdi-me, e perdi-me por completo
Quando escutei a última lágrima bater ao chão
Quando tudo ausentou-se de sentido e graça
Como se tivesse batido secamente às portas da desgraça
Como se tivesse empalecido de um sonho em vão

Perdi-me, e perdi-me por inteiro
Quando a nobreza de um caráter eu rompi
Quando o limite de tua guilhotina parecia turvo e torto
Como se separasse clinicamente de um corpo
Como se enxergasse a realidade no outro, vivi

E, quando achei-me, em pedaços, já era tarde
Meus olhos estavam secos e a boca entrecortada
E no fundo do meu futuro (ah, piedade!)
Meus dias seriam os mesmos, já não sabia mais de nada
E continuava, tão sem rumo, tal como o mundo: duro
Apático, guiado pela imensidade rotineira dos dias
Andando atrás da fila que nunca anda
Ansiando por uma nova vida que nunca emerge, vazia.

markquerido
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