No universo do meu ciúme

No universo do meu ciúme
Nem sempre a razão é a razão
Nos devaneios de um momento
Pode-se perder num instante
Tudo aquilo que o amor construiu

Eu a quero, é certo
Como nascem e se põem os dias
Só não desejo saber
Que fostes um dia de outros

Quero-te exclusiva e pura
Virginal e imaculada
Para que, no meu coração
Venhas a ocupar
Teu espaço de rainha

O coração a aceita
Bate por você
A mente, teimosa
Divaga por entre as brumas do passado
À procura de fatos que,
exceto numa imaginação fértil e masoquista,
nunca foram assim.

Eu a quero, é certo
E me envergonha a postura de menino
Que esse amor imenso
Incrustou no meu ser

Já não sou homem nas atitudes
Sou criança na expectativa
Querendo, como a um doce
Mais e mais

Cuida de mim, pois
Porque já não sou eu
É o amor mais puro
Irracional

São Gabriel, 2005.