Quando pousei meus lábios 
Em teus lábios,
Senti que exalava de ti 
A  sentinela da ânsia
E que o maior que 
O próprio ato de entrega
Era a chama, 
A vítrea chama 
Que ardia em nosso encontro,
Em pleno afago, 
Como exultantes seres abandonados.
Éramos o alado anjo adormecido
Em cujas asas se debatia
O desejo do vôo
E nossos prazeres envoltos pelo silêncio
Eram puras revelações em tanto encanto.
Mas foram teus olhos, 
Imersos na bruma esverdeada 
Do teu brilho
A projetar a alma da esperança 
Em cada olhar
Que veio colher em meu corpo 
O puro anseio de ter-te eternamente 
Em minha vida.
Por isto arranquei do coração 
A trégua que hibernava em cada gesto
E entreguei-me, corpo e alma puramente,
Fiel ao meu desejo e ao teu destino.

Poesia lírico-amorosa

UCSAL

Eduardo
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