Mulher...
Nela habita duplamente a plenitude da ausência e presença. Cogita em sua mente a suave evanescência e a rude continuidade, o grave compromisso e a sorridente liberdade. E tudo isso é tão dual e antagonicamente absurdo que o consenso mundial se abstém de pronunciação, respeitando a indecisão que mantém a esperança e a aflição de qualquer pretenso alguém, co'uma pretensão qualquer...

Mulher...
No passo firme ela esconde um traço sublime do indefinido. Onde espalha seu perfume, cria libido e ciúme; afia a navalha de sua presença na paradoxal indiferença; e tempera a transubstância com proverbial inconstância: espera, esperança, pressa, tardança. Sempre está em outro lugar, esteja onde estiver; sempre é tempo de esperar, haja o que houver...

Mulher...
Ela destrói e reconstrói (parece que é bom... parece que dói...) E qualquer som que emita sua garganta infinita levanta a dúvida (quem não duvida?): o que ela quis dizer? o que diz? o que quer da vida? ser feliz? ser ouvida? E o que disser ainda é pouco (e deixa cicatriz), e deixa louco quem ouvir. (Que há de ser? que há de vir? se vier... se partir... Bem-me-quer? Permanecer? Mal-me-quer? Evadir?)

Mulher...