Fui buscar no passado a chave do porvir e, que horror!, vi repetir-se o enfado do temor ancestral no desenrolar da história natural, sem cessar. A memória humana faz desencadear de novo a vergonha e a glória, o ópio do povo e a apatia medonha; e até a poesia perde a fé no novo e se repete, sombria, dizendo da agonia do confinamento à própria monotonia.
Em atrevimento ergui a voz e combati os males de todos nós. Vales, montanhas, luzes e trevas tamanhas, o mundo ouviu meu canto frio e profundo, e cantei tanto que fiquei rouco, mas foi tão pouco! e não disse nada! e a atmosfera, cansada, me chamou de louco (sincera!) e adormeceu calada.
Perscrutando o infinito inteiro, refletindo, chegou a mim o grito verdadeiro e infindo, esquisito, repetindo assim:
-Em cada verso que repito, o Universo está muito dito!... E tudo o que é imenso, e bendito, e intenso, e bonito, ou gera silêncio, ou causa conflito...
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