Eu vejo a vida explodindo poesia em cada esquina, em cada praça, em cada menino ou menina que passa; vejo a ameaça de um destino poeta, armado da seta que lança e que laça a criança, o adulto, o humano; e o prostra num culto profano à letra, à pena, à canção que mostra da mais serena intenção à mais vil atitude. No altar da criação mil poesias dançam sua juventude, seu vigor; e avançam no ar subjugando o escritor, o canal, a vítima; e tudo é uma coisa tão surreal, tão íntima, tão pessoal! proliferando a epidemia da poesia, e re-brotando única em cada linha, em cada voz; minha, de todos nós...

Eu vejo o tempo lutando contra o pulsar do amor, mas, soberano em cada momento, o amar vencedor desmonta o complô do tique-taque sombrio e reconta seu desvario com destaques mil ao sobrepor dos versos atemporais, imerso em poemas e dilemas ancestrais. E nada mais é capaz de desafiar tal furor, tal autotrofia de causas naturais, de tanto esplendor e fantasia colossais.

Ri-se a poesia, invencível... em deliberação irreprimível... em festa...
E submissão é tudo o que resta...