Multidões, multidões, na corrida do ouro, dos tolos, do vento. Qual teu destino, homem moderno? O caos vindouro? Qual é teu cais, teu ancoradouro? O ouro? Que mais? Matadouro? A que ofereces teu isolamento? Ao lamento? Preces ao decaimento?

Agarras com tua alma a poeira, o nada; e nada acalma, e nada adia o tormento; outra segunda-feira, outro dia, outra dose, outro sentimento. Nem mais um corpo, nem mais um gole, nem mais um cent; "não me importo, não me amole, não invente"; mas tu sentes; tu te sentas e tão só te sentes que não agüentas: tu mentes...
Tu te atormentas...
Tu automentes...

Entrementes, a vida cobra, cidadão, seu preço; das obras das tuas mãos colherás teu pranto, teu desapreço, o desencanto do esforço vão, passando batido, vencido, abatido, perdido, sem retrocesso, sem recomeço.

Multidões, multidões... Tu és mais um... Perdendo as chances do incomum, as nuances da poesia, na fantasia de lugar nenhum...

Triste notícia, vai por mim (embora tu saibas):
-O que tem começo também tem fim...
A vida acaba...
Acaba, sim...