Neste dia fechado, chuvoso,
Sinto as gotas frias no meu rosto,
Do céu que derrama água,
Nesta rua fico toda molhada.
Amanheci para este novo dia,
Deveria somente sentir alegria,
Este dia trás-me nostalgia,
Sinto falta de mim, é mais uma ida.
Uma ida ao fundo da minha alma,
Sei que as respostas surgiram, preciso de calma,
Sei que sinto a vida, quero vivê-la intensamente,
Será desejo de uma mente demente.
Já senti em tempos a vida com maior intensidade,
Essa vida não me trouxe a felicidade,
Tantos planos para mim traçei,
A vida se encarregou de os apagar, desesperei.
Quantas vezes precisei de uma mão,
O tempo dos outros era a questão,
Para quê os outros vou preocupar,
Pois a solução terei eu que encontrar.
Quantas vezes precisei de um ombro para chorar,
Um ombro sem criticar, sem questionar,
Sentada em minha cama sozinha choro,
Longe de todos me encontro, olho.
Olho para um espelho, a minha imagem,
Sinto um nó, na minha cabeça esta viagem,
Tantos momentos de solidão,
Tantos momentos que me senti no chão.
A dor para mim não é novidade,
Quero esquecê-la,ela estará sempre a meu lado,
Veio para comigo caminhar,
Nesta vida que um dia cessará.
Nesta vida de sobreviver,
Esquecemo-nos como é fácil viver,
Nesta sociedade que impôs condicionalismos,
Vemo-nos perdidos á beira do abismo.
Este sobreviver implica ter,
Este ter mata sentimentos, o ser,
As pessoas se tornam distantes, frias,
Corpos que deambulam com mentes vazias.
Se nada tiveres, nada vales, és um nada,
Seriamos tão mais felizes se vivêssemos com simplicidade,
O consumo está imparável,
Nesta sociedade que se encontra detestável.
Não sou melhor que qualquer pessoa,
Sou apenas mais uma no meio de tantas outras,
Faço parte desta sociedade, com contrariedade,
Afinal faço parte do nada, sou somente um nada.
Local já normal no Trabalho no meu Portugal
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