Sobre os sulcos no meu rosto
O espelho não me deixa duvidar
Sobre o que sinto em relação ao meu amor
Nem todos os espelhos do mundo
Juntos
Seriam capazes de me fazer mentir
Mentir a mim mesmo.

Por que razão diria eu que não te quero
Se o próprio frio que agora
Aqui
Neste momento
Me penetra sem piedade as entranhas
Escancara toda a minha solidão
E todo o meu desespero.

Não quero me libertar de nós
Na minha alma não há espaço
Para liberar você.

Meu desejo agora
É o de
Bem devagar
Erguer as cobertas
E te abraçar de mansinho
Dizer ao teu ouvido
Eu te amo

Esquecer que as pequenas coisas
Que esse tolo orgulho
Que se esvai da mesma forma como desperta
É um sentimento
Capaz de me tornar solitário e cego
Apenas por um instante
Mas a que preço?

Quanto me custa
Agora sentir o amargor do arrependimento?
Só eu sei.
Só o meu coração
Que se faz ouvir no silêncio
É capaz de absorver esse tormento.

Te amo,
Amo a vocês quatro
Razões da minha vida

Mas em você
Mulher amada
Mãe
Amiga
Companheira
Em você deposito
As mais secretas
Inconfessáveis esperanças

Esperanças do ocaso
Do homem
Que soube contigo
Finalmente
Na maturidade
O que sempre quis da vida

Mil palavras te diria
E seriam poucas
Mil abraços te daria
E não seriam muitos
Perto do que sinto

Mas vou continuar dizendo
Nem que longe
Bem longe de ti
Ao amanhecer
Nas tardes
Ou nas longas noites de saudade
Eu e amo!
Como se ainda estivesses na minha gente
Recebendo meus abraços.

É aqui, meu amor,
Quando o frio aumenta
Graças às lágrimas geladas
Que finalmente caem
Que posso sentir tua falta
Mesmo que estejas a poucos metros de mim
Como um punhal que me atravessa a carne
Como uma mão assassina
Que dilacera a minha garganta.
Não posso mentir!

São Gabriel, aos dezessete minutos de 04 de julho de 2006.