Lembrar de esquecer.
Zune no ar um chicote.
Cortando um vento gelado.
Ardem, meus olhos fechados.
Vejo uma imagem; uma figura.
Afastei-me na distância e me fui tempo adentro.
Corri mais do que o vento
na ânsia de fugir das lembranças.
Mas, nem elas, nem o vento
Fizeram-te voltar.
À mesa, há um prato, copo e talher.
No ar, giravam moscas em algazarra.
Deitado, eu pensava:
Por que a deixei ir-se?
Na foto, antiga percebe
a presença de algo que me acorda:
mais uma vez sou menino…
Risonho, bem feliz, muito amado.
Mas estou sozinho no mundo.
Atormento-me pela ideia de lembrar
que preciso te esquecer.
Porto Alegre, 07/01/21
Jocarli
jose carlos de oliveira
© Todos os direitos reservados
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