Amores juvenis.

 
Tinha pouco mais de 18 anos quando
apaixonei-me por uma mulher da rua.
Olhou-me como se eu fosse sua;
Aquele olhar mais certeiro do que flecha
pegou aqui no lado direito do peito e
Daí por diante deixei de ser eu mesmo.
Perdi a noção de tempo e de vexames,
comportei-me como qualquer infante.
Perdi a timidez, tão suada e sempre fria
e aventurei-me a conquistar madame.
Quem era eu senão pobre garoto
apesar do tamanho avantajado?
Tinha ainda, marcas indeléveis na camisa
de leite materno derramado.
Mas, era o mundo, era a vida me chamando.
Não poderia desistir assim tão cedo.
Esqueci a covardia e fui, hesitando,
a seu encontro, borrando-me de medo.
Seu riso claro e largo, dentes brilhantes,
olhos verdes límpidos, grandes e mansos
incitaram-me a beijar aqueles diamantes.
A coragem premiou os meus avanços.
Braços abertos me envolveram ternamente
e deixei-me ficar assim ficar, suponho;
A vida parecia ter parado, mas de repente:
Alguém gritou meu nome e acabou meu sonho.
 
 
Porto Alegre, 12/11/20
José Carlos de oliveira

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