OLHOS DE LUAR VERSÃO TIANA

OLHOS DE LUAR VERSÃO TIANA

Tiana era morena forte, alegre e destemida.

Nasceu do amor feito na terra em meio à plantação.

Pegava no cabo da enxada e compulsava o arado.

Tristeza era coisa que não se via do seu lado.

Depois da roça ia pra fazenda, um escopo de casa.

Amava toda a sua tropa e fazia graça.

O peito largo, o riso claro, amiga dos amigos.

Não tinha atrito com ninguém, acreditava nos destinos.

Um dia ela sentiu no rosto.

Os olhos de luar do filho do patrão.

E um doce amargo alegre e triste entrou no coração.

Tiana não era mais a mesma.

Desde que sentiu o brilho desse olhar.

Sentiu pela primeira vez vontade de chorar.

Mas o feitiço do olhar entrou feito veneno.

O olhar do filho do patrão no seu corpo sereno.

Ah! Esse olhar tinta mais luz que o sol do meio-dia.

A tentação era mais forte, ela não resistia.

Um dia ela chegou mais perto um raio de esperança.

Uma mulher quando ama fica assim meio criança.

E ela então falou de tudo aquilo que sentia.

Pediu desculpas por amar assim quem não devia.

E uma lágrima rolou dos olhos de luar do filho do patrão.

Seu rosto branco avermelhou na força da paixão.

Então o céu chegou na terra.

Quando o amor existe fica tudo igual.

E o amor aconteceu no meio do festival.

Mas o assombro do patrão ainda era mais forte.

É hora de se dar o sangue, uma pura sorte.

O fruto desse amor mesmo assim ainda existia.

À noite ao som de um lindo modão, dois corpos caem na cama aquecida.

Um homem não está onde se mora, mas onde se ama.

A mancha do amor no leito nunca mais se apaga.

Nunca mais se viu nascer naquele sertão.

O afoite do amor nos olhos do filho do patrão.

Mas quando é noite de luar.

Tem gente que já viu em meio à plantação.

Uma morena apertando um homem alvo pela mão.

Os dois correndo pelo campo.

Vão deixando um rastro de luz sem igual.

Um rastro de um amor no meio do festival.

Um rastro de um amor no meio do festival.

Naldson Ramos da Costa Júnior
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