A ponte entre nossas vidas não pode ser cruzada
Ainda que peregrino fosse, ainda que, como um aventureiro que é guiado pelo brilho de certas estrelas, eu estivesse sendo guiado pelo brilho de seu sorriso.
Minha jornada seguia contínua, ininterrupta, sempre vendo seu coração no horizonte, mas cada vez mais eu o via distante (ainda que muito caminhasse rumo a ele).
Assim como o por do sol anuncia o vir da noite
Eu fui sentindo que a consciência da distância entre nós anunciava um final inalcançável.
Triste como quantos sonhos, desejos e sentimentos foram se perdendo ao longo do caminho;
A luz que me alumiava estava saindo do meu alcance. Não havia mais o que fazer.
Assumir isso doeu, me feriu profundamente.
Foi como se parte da miha vida fosse jogada fora
Uma parte que, acredito eu, você sequer tenha tido consciência
Meu mundo infelizmente não conseguiu alcançar o seu;
Minha vida não conseguiu alcançar a sua;
A ponte que outrora parecia ter uma distãncia X
Acabou revelando ter x * 4
Por mais que caminhasse, mais você se distanciava, e mais tinha o que percorrer.
Para que? Adiantaria algo?
Ou não seria todo o meu esforço um contínuo iludir a mim mesmo?
Valeria a pena percorrer uma ilusão? E me alimentar dos meus sonhos e desejos?
Estaria enganando a mim mesmo, estaria sendo um prisioneiro de minhas próprias projeções
Não tinha no que fundamentar tais expectativas.
Viver acreditando em contrafactuais como se estivessem prestes a se tornar fatos... não poderia seguir fazendo isso.
Talvez nossos mundos sejam diferentes, e eu não reparei nisso por algum tempo.
Possivelmente meu trajeto fosse um que, antes mesmo de iniciá-lo, já era previsto que não teria fim
(ao menos o fim desejado por mim).
A distância talvez não fosse algo a ser superado por mim, mas uma realidade de nossas vidas, imutável, intransponível, e saber que meu corpo não tocará o seu, que tal contato ficará restrito apenas ao mundo das ilusões, me gera lamentos e tristezas no meu ser... local onde, felizmente, nenhum outro terá acesso.
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