Ah! Como é amargo,
Como é insólito, desagradável,
Como se sente desesperado, desrespeitado,
angustiado o sujeito!
Longe ainda de ser desempregado,
é antes, muito antes, um ser
desencantado, aquele que vive
na hipocrisia do seu dia a dia
e se ilude achando que o mundo
possa vir a ser encantado.
Não se rebela, não luta,
apenas entrega currículos sem cor,
sem letra, sem nada.
As oportunidades deveriam ser adjacentes, abundantes,
porém são escassas, crueis,
vilipendiam a dignidade do ser humano, tudo graças ao
orgulho, ao egoísmo e à indiferença.
Que tranquilo saber que muitos têm nada e poucos têm tudo!
Eu nem me arrepio mais!
O desemprego, de fato, é mesmo encantado!
Enfeitiça os desgraçados, dá (des)esperança aos mais necessitados.
É mágico!
Louvável a inércia!
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