Entrega

Aos poucos você foi se despindo de tudo,

Das roupas,

Dos medos,

Da razão,

Aos poucos o seu corpo foi se preparando para entrega,

Foi cedendo as carícias das minhas mãos

A sua pele nua buscava os meus lábios,

Sua boca tinha sede da minha,

Minha lígua invadia o seu íntimo

Você se contorcia de tanto prazer,

Se arrastava num êxtase alucinante

Cansada,exaurida de tanta febre

Gulosa,louca,linda

Nem pensava na possibilidade de uma trégua

Cavalgava na minha fome

Com movimentos sincronizados

Livre de todo o pudor

Sussurava delícias,

Ameaçava atravessar as paredes do quarto

Fervendo numa taquicardia exitante

Um combate de feras

Sem limites como toda paixão tem que ser

Desabrochava uma bela flor desconhecida

Diante dos meus olhos

A flor foi se regar no chuveiro

E despida por inteiro

Entregou o corpo novamente,

Letamente,

Numa vontade que não passa.