Meu rosto sempre foi o de ontem,
Certamente o será também amanhã
Mesmo que o corpo envelheça,
Mesmo que a pele engelhe,
Mesmo que a boca mastigue arrepios...
 
Minhas mãos nunca mudaram,
Continuam ágeis como outrora
E provavelmente jamais sofram mudanças,
Porque são minhas armas de trabalho,
São o veludo com que oferto carinho
Embora passe despercebida de muitos...
 
Meu coração seguirá batendo adiante
Mesmo após séculos e milênios,
Pois é através dele que ofereço amor
E recebo as emanações dos sentimentos
Que me fazem respirar e amar por aí...
 
Meus olhos continuam uniformes,
Seguem enxergando a beleza da vida
E divisando os apetrechos do dia a dia
Conquanto perceba-se injustiça e dor,
Porém é minha máquina de registro...
 
Não me preocupo se o tempo transforma,
Não ligo se as horas não se reiteram iguais,
Não me encabulo se os dias pareçam distintos...
O que importa é que sei exatamente
Onde guardei minha fotografia!
 
 

 
DE  Ivan de Oliveira Melo

Ivan de Oliveira Melo
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