Às vezes, me sinto perdida,
Como se não fosse ninguém,
Talvez um alguém
Sem relevância alguma.
Sinto-me oca, opaca, trincada
Como uma taça esquecida no fundo da estante,
Empoeirada, estranhamente incapacitada
De voltar a ser fina taça.
Sinto-me como um pano
Que após usado para limpar o chão
Nem mesmo é lavado,
É simplesmente arremessado para um canto
De qualquer outro canto.
Parece que me sufoca
Essa sensação de incompetência,
De vaga e tênue essência
De uma pessoa que não sabe o que quer,
Nem o que fazer para ter o que quer.
Sou um cálculo errado,
Uma costura malfeita,
Uma estupidez disfarçada.
Cansei de lutar, de labutar, de estudar
E nada ter, nada conquistar, nada ser.
Estou cansada de ser nada,
Cansada de estar cansada,
Cansada de me sentir eu.
Mas se não posso ser algo além de mim,
O que mais serei então?
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