QUANTOS DE NÓS...

Quantos de nós escrevem cartas sem endereço,

de nós, quantos, quietos, saboreiam a tarde mansa,

o rio que passa com seu coro de peixes,

(o único compromisso viável é viver),

quantos de nós nos perdemos

e nos achamos quase que no mesmo lugar,

onde todas as poesias, reunidas,

contam dos casos que tiveram

com homens e mulheres,

indispensáveis aos versos,

humanos, humildes,

loucos, mansos,

amorosos...  

 

Quantos de nós nem sabemos mais contar nos dedos,

vivemos eternidades em instantes, como possuídos,

olhamos o mundo aqui fora e procuramos os esconderijos

onde as poesias se guardam de falsas canetas,

arfam quando as encontramos em estado de amor,

riem e pulam e nos abraçam, felizes,

nós, quantos de nós que nem sabemos

que somos o som da alma universal,

que canta, canta, canta nesta quieta tarde...

Prieto Moreno
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