Prego um rio na parede e o vejo chorar peixes

que nadam no tapete,

cospe lascas de madeira,

se engasga e morre

como água esquecida...

 

Apanho uma estrela e a penduro no pescoço da lua,

que saltita, desce com seus raios e banha

o rio seco outrora pendurado na parede...

 

Abro uma porta na casa da noite

e entro como fosse um astronauta branco e invisível,

domino as sombras, amarro-as em feixes,

chamo as bruxas que voam ao redor de quem sonha,

ergo a fogueira e queimo homens que salgam a boca com o mal,

limpo o azulejo ainda manchado com a última gota

do rio que ainda escorre na parede...

Prieto Moreno
© Todos os direitos reservados