Se mato a Rainha ganho o jogo,

terei as terras, as colinas, os castelos;

se a deixo viva sossobrarei sob o logro,

posso ser posto sob a franja do cutelo...

 

Se permaneço Rei o que me dirá o Bispo,

intrigante, de falácia fácil e religiosa,

dirá que cederei ao sempre viscoso visgo,

que a fé de um Deus silencioso não se põe à prova...

 

Se cedo às tentações das torres aprisionarei a todos,

os farei permanecer enjaulados no lugar mais alto,

verão pelas minúsculas janelas os campos sedosos,

de lá cairão lágrimas que formarão um rio, no mato...

 

Se abro as fronteiras e deixo que saiam os cavalos,

não poderei mais usar as celas e nem os bridões,

escutarei, ao longe, ciganas e seus crótalos,

o sussurro medonho dos tristes corações...

 

Se aos piões poder dou de fato e considerado,

terão eles sinapses coerentes e células nobres

para regerem seu cosmo e astros prateados

ou fenecerá a terra sob o jugo da ignorância pobre,

fim dos tempos, da cultura, do perdão, do pecado?

Prieto Moreno
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