Na espuma que o mar lança reconheço meu rosto,

nas gotas que saltam sobre o meu dorso nu

reconheço a orfandade do meu corpo...

 

Sei-me eras que nunca mais voltarão

a por os pés no chão;

lá vão elas,

abertas como velas

a voarem na imensidão...

 

Bato na porta da casa que não existe,

abraço quem não abre a porta;

sou a memória que insiste,

a tristeza que me corta...

 

Ainda que tenha roupas penduradas no varal,

contas na porta da geladeira,

viajo por conta de Deus que não me quer mal,

apenas que num segundo viva a vida inteira...

 

 

 

 

 

Prieto Moreno
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