Um homem sem mar é seco peixe na farinha,
sem mar é videira sem uvas verdes e vivas,
é só uma posta de peixe sem espinha,
galo à espera de uma boa briga...
Mar, que nos ausenta da letargia,
dá-nos a tempestade e sua extrema unção,
sossobrar e dormir no fundo com enguias,
nau enguiçada, sem proa, sem arpão...
Quantas visitas já fiz a um mar no aquário,
eu, peixe fora d'água, em minúsculo sacrário
orando ondas sempre-vivas, algas marinhas...
Quantos vezes vaguei em vastos mares, desiludido,
a ver nos olhos dos peixes, em seus olhos de vidro,
calmas enseadas e arraias e sereias tristes, sozinhas...
Prieto Moreno
© Todos os direitos reservados
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