À MULHER AMADA

Você me deu a conhecer os aromas,

me deu luz quando andava eu 

à sós com minha sombra,

quando cavalgava  

como cavaleiro da noite

me fez aprender a evitar a foice,

pôs em mim a larva do amor,

mudou minha alma de cor,

pude ver o sol mesmo que fosse noite...

Pude ver os desertos que caminharia,

os oásis que deveria procurar,

aprendi a comer o pão da poesia,

única forma de aprender a amar...

Você segurou minha mão quando o medo veio,

abriu o caderno dos dias e me deu o rumo,

amamentou minha fome como criança no seio,

mostrou-me o amargo e o doce sumo...

Hoje?

Sou um homem que chora e ri e caminha

sobre pedras e seda e colhe o que planta,

que convive com ervas daninhas,

que busca tornar minh'alma santa...