De que poesia falo

se sobre outras que nem nasceram me calo

pois que me sei marceneiro e sei da árvore e da flor,

sei também do horror

dos machados de aço das oficinas,

ouço o retinir dos elmos nas esquinas...

 

Que poesia canto agora

se quem quero que me ouça está la fora

a buscar o pão sagrado de cada dia

enquanto escrevo esta casta e pudica poesia?

 

Que frescor há no sangue envelhecido

que gurada parte dos sentidos 

para permanecer

sentado à porta dos dias que se vão

como horas do tempo que sonha

com chaves que abram 

cada coração?

 

A palavra pertence ao verso

como ao poema tudo o que está disperso

na voz que separa sílabas inexatas

para esta poesia tão pequena e vasta...

 

 

Prieto Moreno
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