A felicidade, 
quando cravo a enxada na terra, sem feri-la,
se mostra, das entranhas, nas sementes, e ouvi-las
cantando a canção do crescer faz-me um homem completo,
desses que se sentem satisfeitos somente por existir,
por abrir os olhos ao mundo ao redor, por se sentir desperto...
 
A felicidade,
quando a busco no longe que nunca está perto de mim o bastante,
faz de mim um viajante sem saber o que busca e o que quer encontrar,
alguém num deserto que, mesmo rodeado por oásis exuberantes,
sente saudades de um lugar perdido entre o vago e o constante...
 
A felicidade, 
como pão para o café da manhã
e luz para que os olhos percebam pores-de-sois,
faz minh'alma propor estradas e caminhar como se fosse vã
a conquista de um castelo, faz de mim pescador sem anzóis,
desejar a vida a correr como um córrego em água branca e sã... 
 
A felicidade,
se a posso,
conjuga-me não mais como meu,
mas, sim, vosso...
 
 

Prieto Moreno
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