Cuidado, minha gente
A coisa tá ficando feia
A água está secando
O país desertificando
E a chuva seguindo alheia
Até a terra da garoa
Daquela chuvinha constante
Às vezes até irritante
Já não está numa boa
As represas por um fio
Já mostram até o fundo
E vai sobrar para o Rio
De Janeiro e ventre fecundo
Que antes d’agua farto
Anda quase moribundo
Tentando fazer o seu parto
O Velho Chico agonizando
E população ribeirinha
Que se mantinha pescando
Só está comendo farinha
Ainda fazem sua transposição
P’ra levar mais água ao nordeste
Mas quem foi o cabra da peste
Que ficou indiferente
E não cuidou da nascente
Só pensando em reeleição?
Assim, como bobalhões
Agora só resta a duzentos milhões
De defuntos sem viúva
Sair pelas ruas aos montões
E ao invés de manifestações
Dançar a dança da chuva
© Todos os direitos reservados