Dizia-me calmamente
Toda a fúria apaixonante
Dos teus caminhos percorridos
Tanta meninice
Tanto sonho irradiando tuas faces
Incumbindo-me de espasmos
De insensatez
Tantas cores
Transcendendo o cristal dos teus olhos
A pérola de tuas pupilas
Calava-me sofregamente
Com tuas asas perfumadas
Que me enfeitiçam
Com teus escudos celestiais
Proteges-te de meu carinho
Com tuas lanças infernais
Ameaça-me por dias inteiros
Ininterruptamente
Amordaçando o meu canto aturdido
E deveras ainda úmido de vontade
Silencioso
Aperfeiçoando-se do fel das incertezas
Das continuas juras eloqüentes
homicidas
Em torno dum profundo de amargura
Num canto seco, um ganido doentio;
Uma súplica
De te amar, te sentir,
De nunca haver desfeche entre nós
Sóis vós
Toda a ternura
A luz
Os raios
O próprio sol

Na escola, 07/06/2005