O Que há de mais Doce...

O que há de mais doce, de mais delicado,
fantástico,
forma relevo na superfície da tua pele,
o teu brilho, dona desse riso,
desses olhos perolados, fascinantes, puros, limpos,
que em gorjeios dilatados aplica teu algoz.
O que há de mais selvagem, de mais indecente,
corrompido, atordoado, me embrulha e num enlace
me toma,
me toma por descuidada, me torna um hoje adormecido,
um amanhã já nascido, um passado disforme,
um futuro irrequieto.
Eu sinto você, mesmo longe ainda de toca-la,
eu sinto o cheiro,
o pavor desse segredo, a indescritível sensação
de sossego perpétuo,
junto dos teus passos, dos teus lábios secos,
róseos, sarcásticos, eu
regida por uma ilusão certeira, acredito ainda mais
na não-insossa idéia de configurar um amor
destinado para a eternidade,
esse amor de olhos, de como nos encontramos
e encaixamo-nos,
de como nos sentimos sem forjar toques,
de como nos abraçamos internamente todo o tempo.
Eu sinto você me proporcionando uma vida
ministrada por um coro extra mundo,
e todas as vozes e olhares que ouço e enxergo
resumem-se aos teus,
e todo o calor pelo qual meu coração se agita
vem de você, eu sinto,
sinto-me tão bem, tão completa, estou sozinha,
eu e meus desejos,
minha rotina vencida, minhas mãos
entregando-se para a suavidade de um auto carinho,
auto identificação, auto preenchimento.
Uma auto-procura de você em mim mesma.

Descrevendo meus momentos sozinha, os pensamentos que esvoaçam em minha mente. Expresso a fantástica sensação em que ela me afoga, a inércia.

Em casa, 10 de junho de 2005