Mulher! Berço de toda a Humanidade!
Carregas no teu ventre cada ser
Que pela tua força há-de nascer
Num momento de rara felicidade!

Mulher! Que esses filhos que tu crias,
A quem dás o amor que dentro tens,
São por certo na vida os maiores bens,
Aqueles que te dão mais alegrias!

Mulher! Que a fome escondes para dar
Muitas vezes a quem tu amas tanto,
E o fazes na ternura, no encanto,
Que ninguém, como tu, sabe mostrar...

Mulher! Que trabalhando na canseira
De um dia que foi duro e que no lar,
À noite ainda hás-de ir continuar
Nem que isso dure quase a noite inteira,

Mulher! Que muitas vezes homem te ama,
Outras, logo a seguir, te martiriza,
Mas que te trata bem, quando precisa
Que amor faças com ele, então na cama,

Que sofres quando o filho que pariste
E que puseste com amor na Terra,
Vês partir para longe, para a guerra,
Que nem sabes sequer porque é que existe,

Que um dia alguém te põe, alto, num trono,
Em sítios, exibindo-te a beleza,
E a seguir sem que vejam a tristeza,
Te deixam pela rua, ao abandono,

Que sofres tanta vez a amargura
Que te traz, dia a dia, a solidão,
Que deste tanta vez teu coração,
E agora, estando só, ninguém procura,

Mulher!Quero deixar-te o meu apreço,
Render-me às qualidades que proclamo;
Não sei se tudo já, de ti conheço,
Só sei que te respeito e que te amo.


Joaquim Sustelo

Joaquim M. A. Sustelo
© Todos os direitos reservados