DE LUIZ HUMBERTO- 22-08-2013
XISPA SAIU PORTÃO AFORA MANDIQUEBRANDO DE UMA PERNA – A DIREITA - POIS ESTAVA LEPRADA.
NA SUA MÃO ESQUERDA UM NACO DE CARNE SECA FECHADA A CINCO DEDOS FAMINTOS E NERVOSOS.
BATEU FORTE O PORTÃO, NEM SEQUER OLHOU PARA TRÁS PARA ACENAR UM AGRADECIMENTO PELA MATA-FOME.
SUA FOME ERA ESTÚPIDA SEMPRE QUE CHEGAVA A PONTO DE DESESPERO.
MAS NÃO ERA NELA QUE PENSAVA XISPA.
ATRAVESSAVA A RUA NA RAÇA. ARRASTANDO-SE MOLUSCAMENTE.
ZIGUEZAGUEANDO DE UM LADO AO OUTRO COMO SE DRIBLASSE O VENTO FRIO E NAVALHANTE.
O SOL EXPLODIA OS SEUS RAIOS A 360º A UMA TEMPERATURA FRITANTE...
A RUA NÃO LARGURAVA MAIS QUE CINCO METROS, FÁCIL DE SER TRANSPOSTA POR MUITO MENOS QUE SEIS PASSOS LARGOS E PADRONIZADOS... MAS, XISPA NÃO ERA TIDO COMO MODELO EXATO. ERA TOTALMENTE DESCOMPASSADOS OS SEUS PASSOS; Um lá outro cá. Um lá outro cá...
E DENTRO DESSE SEU TREJEITO ALQUEBRADO, TODO TORTO E TONTO DE TANTA FOME... ELE CEGAMENTE SEGUIU RUMO Á SUA MALOCA COM "AZIDEIAS" NOS FILHOS FAMINTOS...
SEM PERCEBER Á SUA FRENTE UM VEICULO SEM FOME, MAS CEGO E PERDIDO EM SUA DIREÇÃO, TOPOU-LHE NO TOPO DA CABEÇA...
A SUA CARNE, NÃO A SECA, A SUA CARNE MAGRA E TENRA,
ESPOLVIU-SE PELO ESPAÇO MISTURANDO-SE Á TERRA DA RUA.
MAS O FATO IMPRESSIONANTE É QUE DE SUA MÃO ESQUERDA, NÃO ESCAPOU SEQUER UM FIAPO DA MATA-FOME.
A SUA CARNE CORPÓREA AGORA DESCANSAVA DO BAILADO DO CORPO PROMOVIDO PELO SEU ANDAR DESCOMPASSADO EM BUSCA DAQUELA CARNE QUE MATARIA A FOME DE SEUS XISPINHOS IGUALMENTE FAMINTOS...
EM SEU OLHAR, O ÚLTIMO DESEJO... QUE LEVASSEM A MATA-FOME Á BOCA DE SEUS XISPINHOS... A FOME DELE PROPRIAMENTE DITA, JÁ SACIARA JUNTO Á DOR...
SUA MÃO ENTÃO, SE ABRIU COMO SE ELE MESMO ESTIVESSE COLOCANDO UM NAQUINHO NA BOCA DE CADA XISPINHO FAMINTO E EM SEGUIDA XISPOU-SE DESTE POMAR/PARAÍSO CHEIO DE COMIDAS PARA QUEM NEM SEMPRE SABE O QUE É FOME...
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