FIM DA COLHEITA ( Glosa I - Uma estrofe de Charles Baudelaire)

 

 

MOTE:

"De onde te vem, responde, essa tristeza infinda

que galga, como o mar, o negro e nu rochedo?

- Quando no coração nossa colheita finda,

viver é um mal. Ninguém ignora este segredo..."

Charles Baudelaire

 

GLOSA:

De onde te vem, responde, essa tristeza infinda,

teu pranto misterioso que em meu peito corre,

tua secreta dor que não tem cura ainda,

não vês que minh`alma por ti aos poucos morre?

 

Teu pranto misterioso que em meu peito corre,

que galga, como o mar, o negro e nu rochedo

de meu ser, que não te levanta ou te socorre,

pode ser a chave de teu cruel degredo?

 

Tua secreta dor que não tem cura ainda,

será do amor por mim que não podes semear?

Quando no coração nossa colheita finda,

a semente do amor é impossível plantar!

 

Não vês que minh`alma por ti aos poucos morre,

pois sinto florescer meu mais terrível medo?

E leio-te as palavras no pranto que escorre:

"Viver é um mal, ninguém ignora este segredo"

 

Alexandre Campanhola

 

Alexandre Campanhola
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