Quando mordi aquela maçã
vermelha e fresca, fresca e vermelha
com seu aroma me embriaguei.
Banhei-me c`os raios a manhã
doirados, qual o corpo da abelha
que me contornando divisei.
Senti dos riachos a fragrância,
das flores a suave textura
em minha boca a se desmanchar.
Abri aquele riso de infância
ante à sua rubra formosura
às nuvens da tarde similar.
Correu em meus lábios um dulçor
mais envolvente que o das colméias,
semelhante ao beijo que me dás.
Veio-me uma ausência de pudor,
uma estranha confusão de ideias
e um apetite mais que voraz.
Essa leveza de virgens seios,
dos orvalhos tanta sutileza
senti naquela fina camada,
quando cravei sem torvos receios
meus dentes naquela madureza,
como se eles fossem uma espada.
A sonolência logo invadiu-me,
em minha boca o licor exótico
dos feitiços levantou raiz.
Uma serpente vi que sorriu-me,
e ávido pelo sabor narcótico
calei de minha mente o juíz.
Quando mordi aquela maçã
foi como estar p`la primeira vez
a encantar-me c`o céu irisado.
Foi como te ver toda louçã,
conhecer-te de novo a nudez
e a sinistra fruta do pecado.
POEMA ESCRITO EM 03/02/2013
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