É da janela que eu vejo a vida passar
De um ponto mais alto, olho e percebo como a vida escorre pela avenida e escuto o ruído dos carros.
Da janela eu programo o que quero assistir.
Se é a bela moça que atravessa deste lado para o outro da avenida, contente em busca do seu sonho de hoje ou o vendedor de tacos que se instala na esquina todos os domingos.
Daí de cima solitário, escutando os carros eu espero ver um amigo passar para saudar com amor sua presença.
É da janela que eu decido quem receberá uma olhada.
Deste mesmo ponto, do alto de um pequeno edifício, sinto o sol queimar meu rosto, sinto que estou vivo e que isso tudo é um filme que se repete todos os dias de diferentes maneiras, com distintos finais.
É da janela que eu sinto o ar fresco e as vezes cálido, imaginando quantos mais desfrutaram da mesma paisagem urbana caribenha, formado por pessoas normais e vidas normais, onde as frustações destes transeuntes ou seus sonhos, seria uma mera coincidência.
Da mesma janela, imagino a vida, como flashes, que as vezes distorcidos pela realidade humana ou mesclados pela vida acelerada, forjam um mar azul, turquesa, lindo e infinito de beleza.
É da janela de um edifício velho e central, que tento imaginar o passado de tudo isto, a fim de saber quais foram os sonhos e pensamentos de todos que desfrutaram desta vista para ver a vida acontecer.
Nos momentos mágicos desta janela, nos minutos de um domingo tranquilo, eu aprecio a beleza de grandes árvores, que protegem animais rasteiros, enquanto que os pássaros cantam os cântigos mais lindos que jamais sonhei escutar.
E se desta janela, eu choro a dor da distância, é porque sei que ainda que todos que fizeram parte da minha infância pobre e feliz, não passem frente a ela, não mudará o fato que poderei transportar tudo e todos que me fazem falta, utilizando a janela dos meus pensamentos.
Alexandre Soares
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