DA LOUCURA DO HOMEM POR AMAR ERRONEAMENTE

  
                                 I
 
POBRE MORENA, onde está a tua felicidade?
Desgraçadamente, ela deixou de existir
Quando tão involuntariamente me abandonastes;
Quando verdadeiramente fizeste do esquecimento
A minha mais tosca morada não merecida.
Descobristes o que é o querer não querendo...
 
                                 II
 
POBRE MORENA, o amor do homem é tão ilusório!
Para conhecê-lo e entendê-lo, é preciso sofrer_
Esse sentimento me acorrenta apertadamente,
Tantas vezes eu quis fugir, sem êxito algum,
O teu fantasma sempre vem assombrar-me,
Vindo d’um passado tão longínquo (presente)...
 
                                 III
 
POBRE MORENA, o hoje sempre nos atormentará­­_
A lembrança está à nossa frente,
Arrastando correntes ainda não soltas...
Décadas vão passando, velhice batendo à porta:
Toc toc... Quem é?_ Eu pergunto com voz embargada.
A idade! Posso te fazer companhia?_ Ela responde!
 
                                 IV
 
POBRE MORENA, o meu te quero tá mais escasso;
O meu te amo já não se ouve mais pronunciar,
Já não tenho mais como vislumbrar o teu rosto,
O “não sei” transformou-se n’um eterno abismo...
Imóvel eu fico! Então!_ Ah, por favor, entre!_ Respondo!
Como tens passado?_ Ela pergunta olhando em meus olhos vagos...
 
                                 V
 
POBRE MORENA, eu te tenho só nos pensamentos_
Em repleta solidão! _ Eu lhe digo com os olhos em lágrimas.
Não seria melhor esquecer essa mulher do passado,
E olhar para o horizonte em busca d’uma perspectiva?
_ Perguntou-me a idade n’um tom de voz ameaçador.
Suspirei, então, disse-lhe: _ O teu silêncio me basta!
 

Jairoberto Costa
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