A prisão invisível e assoladora apoderou-se do meu ser, eu, que nunca soube desfrutar de liberdade, eu, que nunca estive preparada para coisa alguma, eu, que nunca compreendi o sentido de ser alguém, pra alguém, pra mim mesma, eu, que nunca soube o que fazer, o que dizer, eu, a vitima da ausência de expressão, contida no meu mundo disforme, irregular, insatisfatório, mórbido, perverso, moribundo, eu, sem ações estruturadas, sem manejo, freios, eu, desacelerada, com sonhos provisórios, emoções inflamadas, eu, deslocada, uma peça extraviada, um jogo sem regras, um animal sem animosidade, um carrapato, sugador de minha própria carne, eu, um olhar contemplativo, exausto, indefinido, anônimo, bucólico, eu, de delicadezas infundadas e de rispidez evasiva e predominante.
27/12/05
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