Velar seu sono é uma honra

Sempre atrás da porta porque gosta!
Porque gosta dessa história,
De ciúme e de fofoca.
E não demora a inventar outra.
E é tão pouca e não me amola.
Com essa coisa de ir embora.
Eu não me vou e não me toca.
Eu não me toco e não engulo.
Meu orgulho me incomoda.
E meu sorriso é tão preciso.
E precioso é o que eu sinto.
Eu tenho tantos sentidos.
Que afloram a toda hora.

Se me pede pra ficar
De madrugada frio lá fora.
Quem sou eu para negar
Velar seu sono é uma honra
Eu gosto tanto dessa moça.
Só me resta um sofá-cama.
E ela ainda tem a manha.
De me cobrir com lençol
Diz boa noite e se recolhe
Ela é quem dorme.

É claro que eu vou embora.
Não agora! Alguma hora!
Mas até que o galo cante.
E me acorde e me levante.
De manhã sigo adiante.
Quando o álcool no meu sangue,
Permitir um andar seguro.
Pelas ruas desse mundo.
Nem espero que me mandem.
Eu já vou por conta própria.
Digo adeus e abro a porta
Agradeço de verdade,
Toda hospitalidade.

E já na rua ainda penso.
Não foi nada esse tormento.
Foi tudo por vaidade.
Eu perdôo essa avareza.
Mas também tenha certeza
Que critico essa atitude.
E que não cabe e me confunde.
Que não cabe no meu mundo.
E eu ainda durmo, ainda durmo e ainda durmo.

r. von honer
© Todos os direitos reservados