SÍNDROME DE DOWN....minha esposa e eu fomos ao hospital ...

 


Minha esposa e eu fomos ao hospital pegar os exames referentes a sua gravidez de oito meses; estávamos felizes por ser o quinto filho.


Enquanto aguardávamos o médico, ficamos por ali conversando sobre a vinda desse bebê. Chamando-nos, trancou-nos em seu consultório, tratando-nos como se fosse um verdadeiro psicólogo, o médico passou-nos a notícia: Nosso filho era um portador da síndrome de DOWN!


Um susto,um choque, um raio caindo em nossas cabeças. Minha esposa me olhou fixamente e depois se virando para o médico disse:”Isso não pode ser verdade...não posso acreditar”, e olhando-me atentamente, deitou-se sobre meu ombro esquerdo e desabou. Era um choro incontido de culpa de quem não se conformara com aquela notícia.


Eu como pai tinha que tomar uma posição, então liguei para um amigo da família, o meu melhor amigo e marcamos um encontro para a noite. Relatei a ele o nosso drama com todos os detalhes e lamentos, quando me aconselhou a procurar uma escola especializada , uma escola que cuidasse de crianças com esse problema. E nem pensar em aborto!


Fiz então o primeiro contato com uma escola, marcando a primeira visita para o dia seguinte. Era uma quarta feira que jamais sairá de minha memória. Não saberei explicar com palavras a sensação daquele primeiro encontro.


Na quinta feira resolvi levar minha esposa sem lhe dizer coisa alguma do que estava ocorrendo.. Demoramos um pouco aguardando a permissão para entrarmos no pátio, onde algumas dezenas de crianças brincavam e todas portadoras da síndrome. Foi indescritível aquele momento quando percebemos que não estávamos entre pessoas comuns e sim entre anjos parecidos com gente, tal o amor, o carinho, as gentilezas, as ingenuidades fartas. 


Tudo ali era especial e nós também nos sentimos especiais, pois teríamos um daqueles anjos em nosso lar. Ficamos um pouco mais por ali e senti em minha esposa um alívio, talvez um desencargo de consciência. Ao chegarmos em nossa casa, ela foi direto ao berço que já havíamos comprado. Então arrumando-o com carinho, voltou a cantarolar lindas canções de anjos que chegavam do céu. Entrei, olhamo-nos e entre lágrimas  nos abraçamos num profundo silêncio de felicidade pura.


Hoje, depois de sete anos, esse menino, a estrela da casa...nosso anjo, o mais querido por todos e a quem demos o nome de Gabriel. O nosso Gabriel, o grande presente!


Obrigado Pai!...


    

egê valadares
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