O que fazer quando a memória começa a falhar e esquece lentamente

Tudo o que a alma viveu? Esquece a pessoa que há pouco tempo

Tanto amor e inspiração lhe causavam? Eis que nisto me contemplo,

Esquecendo, esquecendo os dias e noites contigo febrilmente.

 

Meu coração não sabe mais nada, tampouco o sabe a minha alma.

Recordo-me que no início tudo era mágico e como eu era bobo

Pensando que estava sendo esperto. Mas da pele de cordeiro surgiu um lobo:

Tu eras este lupino feroz e eu mesmo com tudo que tinha não pude te dar a calma.

 

Eu me lembro ainda de um céu azul, da arquitetura dos lugares por onde passamos,

Do sorriso daquela que pensei que seria minha eterna amada.

Agora vou me esquecendo dos sentimentos por inteiro, vai esfarelando até que não reste nada...

Mas ainda há a lembrança de todas as ilusões as quais planejamos.

 

Alternadamente eu me lembro de vários bons e maus momentos.

Um certo incômodo em recordar, mas infelizmente é algo bastante involuntário.

Quando passo por lugares onde estivemos juntos, tu vens ao meu imaginário

E quase odeio rever as cenas repletas de tantos sentimentos...

 

O tempo é o ópio para a memória, quando ocorrer o funeral dela, nem saberei...

O teu sabor é para o meu paladar como um vinho que não envelheceu bem

E prefiro esquecê-lo e provar um outro que à minha língua dê o gosto do além

E extâses pelos quais eu me atreveria e ainda me atreverei.

 

Não há mais um nós... Eu me esqueci de lembrar... Não me lembro das esperanças

As quais cultivei em ti. És, ou hás de te tornar apenas mais um rosto na multidão.

Há uma secura interna, confesso: Sintomas do esquecimento no coração...

Esqueço-me que te amei e isso basta. És agora um fantasma em minhas lembranças...