Dou-lhe todo meu amor, só para ti, ó grande amada!
E fazei desta canção, a última das canções que me restara.
Minhas mãos, em tuas mãos macias, como o veludo aveludado
E enfim, tua boca em minha boca como o beijo da lagarta.
 
Sou para ti, o belo colírio para estes olhos inchados,
Cansados de tanto olhar, quem vai e quem vem,
E no vai e vem dos canoeiros, viajo nos cancioneiros;
 Do tempo, onde o tempo era bem remoto.
 
Noites e noites penso em ti, ó grande amada!
Como se fosse o último dos afagos mal acabados,
Sendo tu minha flor de lotos, a primeira e única amada,
Mulher minha, e a mais amada das amadas.

Railson Machado Pinto
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