O amor não fez sentido
Nesse mundo mesquinho e sem graça
Talvez porque seja ele a presa e não o predador
Não vale um latão

O amor está fora de moda
Quase ninguém o veste mais
O amor não é incentivado
E quem ama vive a ser crucificado

Quem ama é taxado de besta, otário
Sofredor, masoquista, palhaço
Muito mais fácil é não envolver-se
Usar maquiagens para disfarçar-se

O amor que falta no mundo
Sobra em mim, sobrecarga
Mas o que isso importa
Se não encontro outros corações para reparti-lo?

O amor está velho, impotente
Está cansado e carente
O amor sente falta dos encontros
Do descompromisso nunca omisso e dos sonhos a dois

O amor sente falta do romantismo
O amor sente falta da paixão
O amor sente falta da saudade
O amor sente falta da falta que ele faz

O amor anda sozinho e chuta latas
Frequenta diariamente os becos escuros e as ruas sem saída
Esconde a sua esperança no bolso
E transita sem chamar atenção

O amor embriaga-se para esquecer a rejeição
O amor não chora para mostrar que ainda é forte
O amor está rouco e evita expressar-se
O amor está louco, a ponto de suicidar-se

Retirado do livro Achados e Perdidos (Bernardo Almeida - 2005)

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